Notre Dame incendiada
E assim, pela segunda vez desde sua construção, Notre Dame será restaurada. A primeira vez, a igreja estava aos pedaços, tendo sofrido com a Revolução Francesa e revoltas politicas entre 1789 e 1830.
No século XIX foi salva graças ao escritor Victor Hugo.
A primeira edição do livro Notre Dame de Paris apareceu em 1831, em seu prefácio Victor Hugo evoca a inscrição, gravada letras gregas "ἈΝΆΓΚΗ" (ou seja, Ananke, que ele traduz por
'Fatalidade')
Neste prefácio, Hugo inclui uma breve,
no entanto, severa crítica às restaurações apressadas de que são vítimas os monumentos históricos em geral e Notre Dame de Paris, em particular.
Triste coincidência o fato do fogo ocorrido neste mês de abril de 2019 ter sido provocado pelas obras em andamento.
No capítulo intitulado "Notre-Dame", Victor Hugo escreve: "sem dúvida, é ainda hoje uma majestosa e sublime construção a Igreja de Nossa Senhora de Paris". Mas, ele acrescenta, “mesmo tendo conservado sua beleza apesar da idade, é difícil não suspirar, não nos indignar ante os danos, mutilações incalculáveis causadas simultaneamente pelo tempo e pelos seres humanos ao Venerável monumento, sem respeito por Carlos Magno que colocou a primeira pedra, como por Philippe-Auguste, que colocou a última”.
O Venerável monumento que é Notre Dame de Paris foi desrespeitado mais uma vez, assolado pelo fogo.
Mas como no passado, será restaurada.
Naquela época, a obra de Victor Hugo em 1831 não somente salvou a igreja, mas também alavancou uma nova corrente literária pós-iluminismo voltada para a cultura medieval, lançando assim uma nova moda.
Desta vez foi Notre Dame incendiada que ressuscitou a comunhão dos povos, a caridade dos ricos e até a obra de Victor Hugo, que está batendo recordes de venda.