O vale do Rio Loire abriga quase 3000 castelos. Número que explica a classificação do lugar pela Unesco como Patrimônio Histórico da Humanidade e também minha indecisão sobre à quais monumentos dar destaque neste post.
De fato, este imenso patrimônio é constituído mais precisamente por 2450 castelos, os quais recebem diferentes classificações, tais como: Castelos Reais, Castelos Pertencentes a Nobres, Castelos de Grande Importância Arquitetônica ou Castelos de Grande Importância Histórica e demais Castelos Menos Importantes.
Vamos falar neste post de um castelinho aparentemente menos importante, visto que foi construído em 1471 como um “fief” ou “reduto” do então Castelo Senhorial de Amboise, o Clos Lucé.
Localizado no coração do Vale do Loire, o Castelo de Amboise impera desde o século XV até os dias de hoje sobre a paisagem ribeirinha da cidade do mesmo nome. Logo ao lado se encontra o Clos Lucé.
O fief ou reduto era concebido como parte de um domínio a ser conferido a um vassalo capaz de prover renda ou serviços ao senhor durante a Idade Média. Algo entre a nossa casa de caseiro e casa secundária de aluguel . Este fief construído em 1471 ao lado do importante Castelo de Amboise foi inicialmente chamado de Mansão des Cloux e mais tarde de Clos Lucé. A propriedade passou por várias mãos antes de ser comprada pelo Rei Charles VIII em 1490 e tornar-se uma residência de verão dos reis da França.
Porém, o que fez do Clos Lucé um castelo de Grande Importância Histórica e um espaço extremamente especial não foi sua inusitada origem ou ainda sua charmosa arquitetura, mas sim o ilustre habitante que acolheu a partir do ano de 1516.
Durante uma estadia na Itália, o Rei François 1º se apaixonou pelo Renascimento e decidiu convidar um dos mais renomados artistas da época para viver na França. Assim, em 1516, com 64 anos de idade, Leonardo da Vinci deixou Roma, atravessou a Itália trazendo seus cadernos de desenhos e três pinturas : a Mona Lisa, A Virgem, o menino Jesus e Santa Ana e João, para se instalar no CLos Lucé. François 1º, encantado pelo o talento de Leonardo da Vinci nomeou-o primeiro pintor, engenheiro e arquiteto do rei, cargos que exerceu até sua morte em maio de 1519.
Leonardo gozou do mecenato de François 1º e viveu durante seus últimos anos de vida como vizinho, servidor e fiel amigo do rei , então residente do Castelo Real de Amboise. Um subterrâneo ligando o Castelo do Clos Lucé e o Castelo Real de Amboise permitia que François 1º e Leonardo se encontrarem diariamente.
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Hoje, o Castelo do Clos Lucé tem como missão oferecer ao público um resumo da obra de mestre renascentista. Através da reconstituição de sua morada, seus desenhos, apresentação de frases famosas, animações 3D, amostras e maquetes de suas invenções, é possível descobrir Leonardo da Vinci e seu universo de maneira intimista e poética.
Dois anos de pesquisa e trabalho, trinta pessoas e mais de quinze profissões foram envolvidos no recente processo de restauração do ateliê, da biblioteca e do escritório de Leonardo da Vinci.
No Clos Lucé o espírito do homem que sonhava em voar, que imaginava o futuro, do pintor, do inventor, engenheiro, cientista, filósofo e humanista permanece vivo.