A Praça da Concórdia se encontra no centro do famoso eixo que liga la Défense, a avenida Champs Élysées, os Jardins de Tuileries e o Louvre.
Suas magníficas fontes e seu Obelisco milenar também se encontram entre o Palais Bourbon (Assembleia Nacional), situado na Rive gauche (margem esquerda do rio) e a Igreja La Madeleine, que fica na Rive droite (margem direita do rio).
A praça situada no 8o distrito de Paris, é a maior de Paris com 84.000 m2.
As estátuas que emolduram suas estremidades representam as cidades:
Brest e Roen (realizada por Jean-Pierre Cortot) ;
Lyon e Marselha (realizada por Pierre Petitot );
Bordeaux e Nantes (realizada por Louis-Denis Caillouette) ;
Lille e Estrasburgo (realizada por James Pradier)
Diz-se que James Pradier teve como modelo de Estrasburgo, Juliette Drouet, sua amante que ela se torna-se amante de Victor Hugo.
A estátua de Strasbourg ficou por longo tempo coberta por um véu de crepe negro florido lembrando o luto pela perda da Alsácia-Lorena, cedida pela França ao Império Alemão em 1871.
Todo esse conjunto monumental de fontes, candelários, estátuas foi elaborado através dos tempos.
Descubra neste artigo os momentos marcantes que fizeram deste lugar o que ele é hoje.
A cidade de Paris decidiu, em 1748, erigir uma estátua equestre do Rei Luís XV para festejar o restabelecimento do rei após uma doença que havia contraido em Metz.
Um concurso foi lançado para encontrar o melhor local, concurso do qual participam dezenove arquitetos. Um deles, Ange-Jacques Gabriel, propôs uma esplanada simples de terra batida, situada ao final do Jardim das Tulherias. Apesar de fora do centro, o local poderia servir para a urbanização dos novos bairros que tendiam a ser construídos para o oeste da capital, no faubourg Saint-Honoré.
Desapropriação e Negociações com os herdeiros de John Law
O rei era proprietário da maior parte desses terrenos, o que permitiu a coroa fazer as desapropriações necessárias.
Porém, antes mesmo da decisão ser oficialmente tomada, negociações foram iniciadas junto aos herdeiros do economista John Law, (John Law foi um economista escocês nascido em 1671 de uma rica família escocesa, que se tornou famoso pela sua vida de jogador, mulherengo e, principalmente, fundador do sistema bancário atual) proprietários de terrenos marginais ao perímetro necessário à criação, no local, de uma praça real, inscrita na vasta cadeia de praças reais que iriam teatralizar a representação equestre do Rei Luís XV.
Valorizada por fachadas desenhadas por Gabriel, a Praça Luís XV parisiense tornou-se um intelúdio arquitetônico entre as fundações do Palácio das Tulherias e as folhagens verdes da Avenida dos Campos Elísios.
Em 30 de maio de 1770, a praça foi palco de um acontecimento dramático: no momento em que um espetáculo de fogos de artifício acontecia, em honra do casamento do delfim ( O futuro decapitado Luís XVI) com a arquiduquesa Maria Antonieta da Áustria, 133 pessoas são mortas pisoteadas e sufocadas quando o pânico tomou conta da praça, devido um incêndio desencadeado pela queda de um rojão.
As obras da praça só acabaram totalmente em 1772
Finalmente, a estátua de Luís XV foi inaugurada em 20 de junho de 1763, quinze anos após a ideia original. Nela o Rei estava vestido à romana e coroado de louros. O pedestal era ornado por baixo-relevos e, em cada ângulo, por uma estátua de bronze evocando as virtudes do Rei: a Força, a Justiça, a Prudência e a Paz.
Porém, como o monarca havia se tornado extremamente impopular à época da inauguração da estátua, os parisienses ao vê-la cantavam:
Ah ! la belle statue, ah! le beau piédestal,
Les vertus sont à pied et le vice à cheval.
O que, em português, pode traduzir-se por :
Ah ! a bela estátua, ah! o belo pedestal,
As virtudes vão a pé e o vício vai a cavalo
No tempo da Revolução Francesa, a praça era um dos grandes locais de reunião no período revolucionário e local de passagem obrigatório dos cortejos.
A partir de 12 de julho de 1789, antevéspera da Tomada da Bastilha, as cabeças de Jacques Necker, Ministro das Finanças demitido, e de Philippe d'Orléans passam a ser exibidas na praça pelos manifestantes.
O comandante das tropas do Regimento Real Alemão, Charles Eugene de Lorainee seus Dragões fazem uma carga contra os manifestantes. No dia seguinte, a multidão pilha as armas do Garde-Meuble (Guarda Móveis - que ficava localizado na praça, no edifício nordeste) para « ir à Bastilha ».
Em 6 de outubro de 1789, a família real, trazida de Versalhes para Paris pelo povo, fez sua entrada no Palácio das Tulherias atravessando a Praça Luís XV.
Em 11 de agosto de 1792, já com o rei deposto, a estátua de Luís XV é arremessada de seu pedestal. A praça é então rebatizada Praça da Revolução.
A praça torna-se então o grande palco sanguinário da Revolução, com a instalação da guilhotina.
A Guilhotina foi instalada provisoriamente na Praça da Concórdia, em outubro de 1792, para a execução de ladrões de jóias da Coroa no Guarde-Meuble.
Ela reaparece em 21 de janeiro de 1793 para a execução de Luís XVI ; ela é então instalada a meia distância da base da estátua derrubada de Luís XV e da entrada dos Champs-Élysées. É finalmente em 1 de maio de 1793 que ela fixa sua presença na praça, para ai permanecer até 9 de junho de 1794.
Em agosto de 1793, a estátua de Luís XV é substituída por uma efígie de gesso representando a Liberdade. Ela será retirada em junho de 1800.
Com o fim do Terror, o governo decide rebatizar a praça como Praça da Concórdia (1795).
Marcada pela lembrança sangrenta do Terror e da execução da família real, a Praça da Concórdia lembra um problema político ao governo do século XIX.
Luís XVIII, uma vez que recuperou a coroa em 1814 (por um breve momento), pensa em erigir no centro da praça um monumento à memória de seu irmão, o rei decapitado Luís XVI : a estátua do rei mártir, enquadrada por uma capela. Seu irmão Charles X colocou a primeira pedra em 3 de maio de 1826. No mesmo ano, a Praça da Concórdia foi rebatizada Praça Luís XVI. No entanto, a estátua projetada não foi jamais erguida, interrompida pela Revolução de Julho de 1830, que dá novamente à praça seu nome definitivo: Praça da Concórdia.
O OBELISCO DE LUXOR NA PRAÇA DA CONCÓRDIA
Em 1831, o Egito oferece à França os dois obeliscos que marcam a entrada do palácio de Ramsés II em Tebas, atual cidade de Luxor.
O obelisco egípcio de Luxor, com 3300 anos, foi presente do vice-rei do Egito, Méhémet Ali em em reconhecimento ao papel do francês Champollion, primeiro tradutor dos hieróglifos. O primeiro chegou a Paris em 21 de dezembro de 1833 após utilização de meios de transportes épicos.
É Luís Felipe I quem decide erigi-lo na Praça da Concórdia onde « ele não lembrará nenhum acontecimento político ».
A operação, verdadeira proeza técnica, se realiza em 25 de outubro de 1836 na presença de mais de 200.000 pessoas. O Rei e a família real, incertos quanto ao sucesso da operação, preferiram assisti-la dos salões do Guarde-meuble, e só apareceram sobre o balcão para acolher os aplausos da multidão no momento preciso em que o monolito se colocou na vertical.
Entre 1836 e 1846, a praça foi transformada pelo arquiteto Jacques-Ignace Hittorff, conservando o princípio imaginado por Gabriel. Ele junta ao projeto duas fontes monumentais - a Fontaine des Mers (Fonte dos Mares) e a Fontaine des Fleuves (Fonte dos Rios) - de um lado e outro do obelisco e circunda a praça por lampadários e colunas decoradas.
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A praça se torna então uma celebração ao gênio naval da França, em referência à presença, em um dos edifícios edificados por Gabriel, do Ministério da Marinha.
As duas fontes - inauguradas em 1º de maio de 1840 pelo prefeito Rambuteau- celebram a navegação fluvial (fonte norte, com figuras sentadas representando os rios Rhin e Rhône e as colheitas de uva e trigo) e a navegação marítima (fonte sul, com o Mediterrâneo, o oceano e a pesca).
As colunas e luminárias decoradas levam proas de navio, que evocam igualmente o emblema da Cidade de Paris.
As estátuas alegóricas das oito cidades francesas desenham o contorno do octógono imaginado por Gabriel.
Próxima ao Rio Sena, o local que viu passar reis e revolucionários, hoje impressiona franceses e turistas com seus detalhes e beleza. Na Praça Concórdia você tem, além de seus lindos monumentos, uma vista panorâmica de 360° das principais atrações da cidade e a visão da distante Torre Eiffel. Um cenário de tirar o fôlego.