Com candelabros em cristal e luz de velas, suas mesas de mármore e pés ornamentados o Le Procope torna-se rapidamente um local de encontro de pessoas notórias da sociedade e dos gourmets.
Licores, doces em grande variedade, café, sorvetes caseiros e a utilização de sabores e especiarias como o anis, o coentro, o musc e o açafrão, pétalas de flor, frutas secas e geleias até então desconhecidas, deram ao suntuoso estabelecimento uma grande reputação
Em 1687 uma feliz coincidência leva o grupo de atores do Rei, a “troupe de Molière”a se instalar no edifício em frente ao estabelecimento. A partir de então o ar respirado no Le Procope é cheio de literatura e ciências. La Fontaine, Racine, Regnard e outros faziam parte da fauna que passava por la para ver e ser visto, ou ainda ler La Gazete e Le Mercure Galant, se informar ou comentar os fatos politicos e sociais dessa segunda metade do século XVII.
Se em todos os lugares da alta sociedade é necessário convite ou ainda ser membro de um club ou academia para garantir sua presença nos salões da época, Le Procope é o unico lugar onde “seul l’esprit tenait lieu de carton d’invitation” segundo Voltaire. (somente as capacidades intelectuais serviam como convite).
Tal como o pai, um dos 12 filhos do senhor Procope, manteve a tradição do local de encontro animado por discussões e novas idéias. Diderot, Rousseau, Voltaire, Montesquieu, são fiéis frequentadores. A ideia da primeira Enciclopédia nasceu ali. Dizem até que foi no Le Procope que o Benjamin Franklin escreveu as primeiras linhas da constituição americana ao lado de Voltaire, sobre sua mesa de mármore rosa (Mesa que ainda hoje está no local, com o mesmo rachado causado pelo salto de sapado do orador e editor revolucionário Hébert em torno de 1790)
Em 1782 a Comedie Française parte das redondezas e pouco depois a família do fundador.
Porém, nas mãos de um outro italiano, o senhor Zoppi as discussões do Le Procope não serão menos animadas. Danton, Robespierre e Marat, que tinha sua gráfica logo ao lado, Camille Desmoulins e oradores de grandes clubes se encontravam “chez Zoppi” .
Jovem general ainda desconhecido, Napoleão Bonaparte teria ali pago uma divida com seu chapéu, atualmente em exposição.
Mais tarde o rigor politico e um relatório de polícia de 1798, indicando a necessidade de vigilância levou o lugar ao declínio
Na primeira metade do século XIX serão os românticos que trarão de volta ao lugar sua alegria e o “esprit” do passado. Victor Hugo, Honoré de Balzac e outros se encontravam para uma partida de dominó ou um jogo de bilhar bebericando um café ou ainda um copo de Absinto.
Hoje o restaurante Le Procope pertence ao tandem Jacques e Pierre Blanc. Donos de uma cadeia de restaurantes que incluem os mais antigos e prestigiosos recintos de Paris. Le Procope, Café de Cappucines, Chez Clement Champs Elysées, são alguns dos endereços.
A comida é de ótima qualidade. Há cardápios que incluem entrada, prato quente e sobremesa muito bons ou ainda há escolha a la carte. O Coq au Vin (frango marinado em vinho e especiarias por uns 3 dias, servido com batatas cozidas) é a minha sugestão como prato quente e profiterolas para sobremesa.